domingo, 8 de março de 2009

Primeiro Tudo

É chegado o domingo, estou em Toronto desde terça-feira, o que significa que eu e Zeca já passamos 6 dias inteiros aqui...e já sentimos muita coisa e estamos nos adaptando também.

Primeira impressão da cidade
A primeira impressão da cidade foi a de um lugar bonito - o trajeto do aeroporto até o bairro onde estou passa por downtown e pelas margens do lago - não tão limpo quanto Atlanta, mas não tão sujo quanto São Paulo ou Nova Iorque, por exemplo.


Primeira impressão das pessoas
As pessoas parecem ser bem simpáticas e mais "abertas ao desconhecido" do que os americanos, sem lhe passar aquela sensação de "não fale comigo pois não sei o que fazer" ou então "já tenho o texto decorado de como devo agir"...mas ainda assim fica claro que é cada um cuidando da sua própria vida.

Porém, quero destacar minha irritação com uma prática que faz parte da cultura dos lugares em que ando visitando e que, devo admitir, faz-me perceber como há aspectos muito mais fáceis quando se vive em São Paulo: as detestáveis gorjetas. Eita coisinha irritante. Gosto da praticidade dos 10% em restaurantes e gorjeta nenhuma em mais nenhum outro lugar...quem tem de pagar o funcionário é o empregador, e não o cliente...gorjeta para o táxi, para o carregador de malas (não, não, sei o que você vai falar. Fique sabendo que além de pagar a gorjeta do carregador, ainda tive de desembolsar 10 dólares canadenses para a empresa que organiza os carregadores...tsc), para o garçom, para o raio que o parta...(e nem me faça começar a falar do sistema preço + imposto...sim, tem o lado bom, percebo isso...mas não consigo deixar de ver um quê de hipocrisia neste sistema).

Ah, e claro, muito bacana a diversidade de povos encontrados neste lugar...impressionante, já peguei táxis com um iraniano, um indiano, um sei lá o quê (ele não conversava muito) e já tomei uma "bota" de um taxista com turbante às 6h30 com a temperatura de -10º C porque ele se recusava a transportar um cachorro em seu carro (mesmo com o cachorro estando em um canilzinho). E nos restaurantes e lojas, a quantidade de chineses, coreanos e filipinos é impressionante. São os "latinos" do Canadá...

Primeira impressão do Zeca
O coitado até tossiu quando as portas do aeroporto se abriram, de tanto frio que fazia. Agora, já está mais adaptado e ficando mais regrado. Dorme de cobertor, sai com capa de chuva na chuva e não pisa fora do prédio sem a blusa. Latidos no apartamento? Um, exatamente um. Latidos fora? Nenhum. Xixi fora do lugar? Aparentemente, nenhum. Brigas com outros cachorros?

Bem, uma. Mas nem foi tão uma briga assim, foi mais um enlace de coleiras que deixaram ele e o outro cachorro assustados e eles acabaram se estranhando. Ou não.


Primeira impressão de mim
Ao chegar, com aquele frio todo e uma recepção relâmpago do síndico, a dúvida sobre se o dinheiro do aluguel havia caído ou não, casa sem móveis, a dó de ter feito o Zeca viajar sozinho no compartimento de bagagens por 10 horas e viver em um apartamento (ele é uma força da natureza, é sério, perguntem a qualquer um que tenha convivido com ele), a falta das pessoas de quem gosto, a sensação de estar incomunicável - sem Internet ou telefone ou celular, tive de andar 10 minutos a -26ºC para achar um orelhão...isso equivale a 5 horas em uma temperatura "normal", e olha que gosto de andar - tudo me fez sentir muito mal, nostálgico, triste e com remorso.

Aos poucos, as coisas estão melhorando, o Zeca parece estar aprendendo a viver um lado mais calmo quando aqui dentro do apartamento, estou começando a ver e sentir as coisas boas que a cidade tem a oferecer, já tenho Internet e TV a cabo (assistir a Lost ao vivo, uma hora antes da TV americana, foi fenomenal!) e voltei a fazer minhas traduções. Sem contar que o Skype ajuda muito e a Cíntia e o Chico chegam na quinta. E ainda tenho meus cursos começando em duas semanas...não importa o que faça em minha vida, sempre avanço quando estou em um bom curso de teatro. Parece que tem muita coisa diferente vindo pela frente, e quer saber? Deixa vir. Vou me esforçar muito para não deixar o céu cheio de nuvens e o frio me impedirem de ver que também há muita beleza ao meu redor.